Muito se tem ouvido, falado, conjecturado sobre a questão da desmaterialização. Umas vezes, é a desmaterialização processual, outras vezes é a desmaterialização do documento, e outras vezes mais é apenas desmaterialização. Mas todas as vezes é utilizado como um grande chavão e sinónimo de modernidade, actualidade.
Eis uma pequena frase tão elucidativa:
“(…) progressiva desmaterialização dos processos […], evitando a circulação do processo físico em papel (…)”
in: http://www.asjp.eu/siteanterior/congressos/7congresso_comunicacao02.doc (acedido em 20100122)
Consideremos, ou melhor, pensemos.
MATÉRIA “Em física, matéria (vem do latim materia, substância física) é qualquer coisa que possui massa, ocupa lugar no espaço (física) e está sujeita a inércia. A matéria é aquilo que existe, aquilo que forma as coisas e que pode ser observado como tal; é sempre constituída de partículas elementares com massa não-nula (como os átomos, e em escala menor, os prótons, nêutrons e elétrons).”
In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mat%C3%A9ria (acedido em 20100122)
Parece-me que existe aqui algo que não está muito correcto.
Desmaterializar é fazer desaparecer a matéria, certo? Então desmaterializar um documento ou um processo é fazê-lo desaparecer, extinguir-se, deixar de existir. Logo desmaterializar é tornar imaterial. (Desmaterializar é eliminar – inspiração de revisão).
Consideremos ainda, imaterial é o contrário de matéria, é a não-matéria, algo incorpóreo.
Agora, expliquem-me lá a razão de se afirmar, defender, discutir a desmaterialização dos processos ou dos documentos, ou documental (como queiram chamar).
Se a desmaterialização processual, se a desmaterialização do documento depende somente do facto da informação passar a estar em formato electrónico, e não no tradicional suporte papel, então não me parece que se possa estar a falar em desmaterializar seja do que for. É que servidores, racks, dados, bites e bytes fazem parte dessa nova existência, dessa nova realidade, o mundo electrónico, o mundo digital, que é bem real - é matéria. Estou a desmaterializar o quê, afinal?
O simples facto de se estar perante um outro suporte, que não o tradicional papel, não é sinónimo de desmaterialização. É única e exclusivamente uma mudança de suporte.
Esta reflexão deixou-me exausta.
Acredito que para alguns (para não dizer muitos), mas não para todos, a questão de bites, bytes, racks e servidores e afins é ainda algo que pertence à ficção.
Pois…
A verdade é que não é, a verdade é que eles estão aí.
Tomemos aqui um pequeno exercício:
1. Os servidores, computadores e coisas assim são o suporte, o papel, o pergaminho e coisas assim
2. Os bites, bytes, zeros e uns e coisas assim são as canetas, os caracteres da máquina de escrever, as penas de pato e pavão.
3. A informação… pois… essa é sempre INFORMAÇÂO.
Expliquem-me, novamente, essa coisa da desmaterialização processual, da desmaterialização do documento!?
3 comentários:
O que faz isso é tu não teres lido o Acordo Ortográfico. Não se vê logo que isso de desmaterializar é coisa do português do Brasil? Ou será Brazil?
Eu também me vou desmaterializar e voltar a materializar, tal qual como no filme "A Mosca".
É por estas e por outras semelhantes que és a minha MESTRE! (Dito ao mesmo tempo que é feita uma vénia) :))
prontes
desmaterialisásteme toda. vou mimbora trabaiá que fiquêi munto açim confunsa
maria clarinda
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