terça-feira, agosto 21, 2007

Trapo

"O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Anticipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros - isso tenho eu em mim.
[...]"


Álvaro de Campos

6 comentários:

Anónimo disse...

Deixa cá ver essa névoa...

Anónimo disse...

[...]
Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

EU

Anónimo disse...

Pessoa, Pessoa e mais Pessoa.
Continuo confuso.

E. Raposo disse...

Lamento que estejas confuso.
Qualquer esclarecimento que eu possa dar é só colocar no livro azul que dentro em breve irei disponibilizar.

Anónimo disse...

Onde está o livro azul que irias disponibilizar?
Estou mesmo a precisar dele...

Anónimo disse...

E se calassem o bico e ficassem só com o poema?..