quinta-feira, setembro 13, 2007

Não: devagar

«Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão do momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
[...]»


Álvaro de Campos

4 comentários:

Anónimo disse...

«[...]
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
[...]»

E o universo é tudo.

EU

rach. disse...

Devagar se vai ao longe, lá diz o provérbio.


A Persistência da Memória de Dalí era capaz de responder à tua dúvida e à do heterónimo

:-0)

E. Raposo disse...

Para o surrealismo guardo a minha vida, não me entranho por Dali.

Esse quadro, essa "A persistência dda memória" revela bem que aquela mente andava atormentada com o tempo com uma memória (a dele).

Onde já se viu um relógio pendurado num ramo de uma árvore seca, ali estendido como se fosse um lençol?

Embora seja uma das obras mais conhecidas do pintor não é aquela em que eu me reveja ou sinta necessidade de revisitar.

Anónimo disse...

Adoro a frase "Onde já se viu um relógio pendurado num ramo de uma árvore seca, ali estendido como se fosse um lençol?"

É do melhor!!!

O grito de Munch não será mais apropriado?

:)

Ass:4 cantos-Arrifes