terça-feira, março 25, 2008

É urgente o amor

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, março 13, 2008

Eramos 7 nasceram mais 7 ficamos 14


Hieronymus Bosch, Mesa dos Sete Pecados



Ainda estou a meditar sobre os novos pecados capitais apresentados na orientação do Arcebispo Gianfranco Girotti.

Ora vejamos, éramos 7

1-Gula
2-Luxúria
3-Avareza
4-Ira
5-Soberba
6-Vaidade
7-Preguiça

Eu com estes posso bem, pois até considero-me uma pessoa cumpridora das leis da Igreja, se bem que por vezes salta-me a tampa, mas isso não significa que esteja irada; ou mesmo quando como mais um “cadinho” confesso que não é por gula, é por que deitar ao lixo comida tão boa, enquanto milhares de pessoas passam fome, não seria justo, muito menos correcto.

Está certo, Está certo, gosto bastante de me ver ao espelho, e até nem sou assim tão gira.

Quanto à preguiça que eu sinto é à 2ª feira de manhã, ao que penso, essa não deve contar.



in: http://www.estadao.com.br/geral/not_ger137279,0.htm


Nasceram mais 7 e agora somos 14

8-Violação bioética (controlo da natalidade…)
9-Manipulação genética
10-Uso de drogas
11-Poluição ambiental
12-Desigualdade social
13-Riqueza excessiva
14-Geração de pobreza

Sendo que estes novos encontram o seu fundamento no que afirmam ser o contexto social causado pela Globalização.

Quem deveria ser mandada ao castigo era essa da Globalização. Mania, sempre em frente um passo do restante povinho (sim, porque somos nós - o povinho - que nos dirigimos ao confessionário).

Agora, olhando bem as coisas, está mais que resolvido a questão do confessionário, ora vejamos:

Povo que se confessa, confessa-se pelo menos 1 vez por semana (o que não é bem o meu caso, mas para lá caminharei com essa da poluição ambiental – esta coisa do tabaco está mesmo a complicar-me a vida, já não me bastavam a chuva e o frio).

Com os novos pecados prevê-se um aumento de cerca de 2% da afluência aos confessionários. Contudo alerto para o facto de que esta percentagem é uma previsão meramente pessoal e que a tendência da mesma é para diminuir.



Algo que encontrei e achei delicioso, vejam lá se os fins não justificam os meios:

Lamento

O arcebispo aproveitou para fazer um lamento. Segundo ele, cada vez menos católicos aparecem no confessionário. Estudo da Universidade Católica de Milão mostra que 60% dos fiéis da Itália deixaram de se confessar. O próprio estudo, de certa forma, esclarece este comportamento. Entre os entrevistados 30% acreditam que não há necessidade de um padre como intermediário do perdão divino, e outros 20% se sentem desconfortáveis relatando a terceiros seus próprios pecados. Segundo o arcebispo, a confissão deve ser feita em 15 ou máximo 20 dias antes ou depois de cometer o pecado. Seria a redenção de todos os pecadores.


In: http://www.clicabrasilia.com.br/impresso/noticia.php?edicao=1883&IdCanal=5&IdSubCanal=&IdNoticia=320941&IdTipoNoticia=1

Acedido a 2008/03/13


Eu é que lamento. Lamento ainda mais o facto de poder ser admitido que se possa confessar o pecado 15 a 20 dias ANTES de o cometer (ainda estou na dúvida se li aquilo bem?).

quarta-feira, março 12, 2008

Agradecimento

Paula,
Que me deste Inês
Não a de Castro
Mas a Pedrosa
Numa viagem me mandaste
Em tons de azul e de rosa
De Martim Codax
Como que por magia
Regressei ao tempo
Em que havia
Cortes esplendorosas
Fidalguias
E D. Dinis
Atirou-me
A Afonso X
A Espanha
O Sábio que foi
E que a Maria cantou

A ti Paula
Agradeço
E aqui me confesso
Remetida à poesia

quarta-feira, março 05, 2008

O prometido

Andar na minha cidade é uma aventura, principalmente no que respeita à zona costeira que tanto amo.

Por um lado, as obras da Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos que até incomodam muito pouco a circulação por aquele espaço. Claro que terei de habituar a minha visão à nova proposta paisagista, mas nada que me seja impossível de fazer, até porque, por vezes, as mudanças são necessárias.

Entre as máquinas está um golfinho a sorrir para a câmara fotográfica.

Vista interessante (SRHE)

Por outro lado, a intervenção da Câmara Municipal de Ponta Delgada no que chamam de “Parque de estacionamento subterrâneo”.

Se no caso da SRHE a obra sempre esteve aberta a curiosos, já no caso da CMPD isto não aconteceu. Foi preciso muito esforço para conseguir umas imagens sobre o facto em si, e diga-se, apenas do lado que já está quase, quase pronto (isto deixa-me a pensar se aquilo é mesmo verdade ou se é apenas ficção).


Vista superior (CMPD)


Para mais, convém referir que há obras que me atrapalham e outras que nem tanto.

Esta inclinação é para ver se os autocarros começam a passar mais devagar.

Ora vejamos, a nova paisagem oferecida pela SRHE não implicou que eu deixasse de passear as rodas do meu carro pela avenida. Contudo, já as obras da CMPD, para além de me impedirem de passar pela avenida ainda congestionaram a circulação de viaturas na baixa da cidade.

Convenhamos que os percursos alternativos são caóticos, e isto para nem falar dos autocarros que impõem algum respeito, não só pelo tamanho, como também, pela velocidade com que passam por mim.

Estou aqui a pensar como reagiria se tivesse mais de 70 anos e necessitasse de utilizar a minha viatura para me deslocar à baixa. Sim, porque tenho de ir fazer umas análises clínicas, e aproveito gasto a pensão na farmácia mais perto, e porque o meu médico de família tem o consultório naquela rua estreita em que sempre enfio a bengala no empedrado mal colocado, e para aproveitar e levantar a encomenda com os produtos de 1ª necessidade que o meu enteado me manda por correio, que por ter mais de 2kg o carteiro não pode deixar em casa, e que se viesse para entregar ao domicílio seria muito mais caro e o meu enteado optava por não colocar a farinha com a qual faço o pão ao longo do mês.

Mas voltando à avenida. Agradeço à alma caridosa que me enviou algumas fotos sobre este espaço que durante anos foi de eleição para muitos e, penso, que voltará a ser para mais alguns.

segunda-feira, março 03, 2008

Quem sabe?

Confesso que esta é a terceira vez que tento escrever algo para colocar aqui no blog, e que as outras duas tive mesmo de apagar por uma questão de bom senso.

Não sei bem o que se passa, mas parece que me falta algo.

Parece-me que aquela minha falta de jeito anda a querer apoderar-se de mim mais uma vez.

Tenho andado a reflectir um pouco sobre tudo, e, claro, o resultado não poderia ser outro, uma grande confusão. Vá, quem me manda a mim tentar pensar um pouco sobre tudo? (Agora ali no lugar do “mim” provavelmente deveria ter escrito um “eu”, mas deixo isso à consideração de quem lê.)
Já não basta quando penso um pouco sobre um pouco? E mesmo assim parece que endoideço. Quem mandou pensar sobre tudo?

Facto recente é que a rua que atrapalhava o meu percurso diário está quase, mas quase, novamente operacional. Porém, parece que deverá levar mais uns quatro meses só para fazer as passadeiras, e agora estão com a mania de as fazerem em empedrado. Fica giro, é certo, mas estão a demorar um pouco para além da conta, não acham? Talvez quando as recuperações do nosso Museu terminarem as passadeiras já lá estarão. Quem sabe? Talvez.

Estou um pouco cansada de ver esta minha cidade de pernas ao ar. São buracos por todos os lados. Ruas esburacadas, travessas esburacadas, até a avenida está esburacada. (Mas sobre a avenida ficará para mais tarde.)

Não vejo o dia de ter a minha cidade devolta a mim, a nós. (Estava a ser um pouco egoísta.) Já nem consigo lembrar de como era antes e isto não é nada bom. Se tivesse presente essa imagem de antes poderia muito mais facilmente absorver a nova imagem que lhe querem dar.

Agora lembrei de uma música dos Tunídeos:

“Longe de ti não sei viver
Minha pacata cidade
Onde aprendi a crescer
Também a sentir saudade

Dos amores que eu vivi
Nesta vida amargurada
Nenhum se compara a ti
Ó doce Ponta Delgada”

Agora fiquei nostálgica. (Vou ter de ir ao dicionário resolver isto.)

James


By: Mark Tonra